domingo, 3 de abril de 2011

VÍNCULOS NA REDE DE RELAÇÕES

(cf. google imagem)

As metáforas provocam em nós imagens e significados que ultrapassam a nossa capacidade objetiva de decifrar o presente materializado. Este movimento  abre espaço para o que é mais lindo na existência humana – a capacidade de estabelecer vínculos saudáveis.
São inúmeras as experiências do dia-a-dia e muitas vezes estamos imersos na velocidade, na complexidade do espaço e do tempo, que não percebemos a grandeza dos encontros humanos. Estamos imersos, tantas vezes, em um mundo da nomeação, da ausência do mistério e da carência de sentimentos mais elevados.
Pensar em educação é pensar no conhecimento como encontro e expressão da formação de vínculos em uma rede de relações contextualizada. Um encontro significativo salva a vida de uma criança e salva a vida de um adulto. Acredito no processo dinâmico do aprender a viver, em um mundo fragmentado e de crescente invisibilidade “presencial”. Carecemos da presença do outro e tudo se torna demais “virtualizado”. 
 Há quinze dias, uma criança de cinco anos veio ao meu encontro. Ela aproxima e diz “Oi. O que você está fazendo?” Naquele momento, fiquei surpresa com a expressão espontânea e de proximidade. Nós não nos conhecíamos ainda.  Carinhosamente nos apresentamos e depois eu falei que estava preparando uma palestra para professores. Ela sorriu e disse “Eu estou desenhando, vou buscar para você ver”. Que lindo! A criança sai correndo pelo pequeno corredor, entra em outra sala, pega o papel e volta correndo. O seu olhar me encantou e sorrindo ela me entrega a pintura do seu desenho. Com o papel nas mãos eu disse “Um coração cheio de corações pequenos!” Ela responde “Não. Não é coração dentro de coração. Aí dentro tem é riscos”. A profundidade das suas palavras tocou meu coração e saiu uma palavra “Riscos?” E ela prossegue “Dentro do coração tem riscos. São as emoções”. Emocionada com a grandeza de sua alma, eu falei “Emoções?” Neste momento, pude compreender o que são as emoções no estabelecimento de vínculos na rede de relações. A criança apresenta o significado “Emoções é o que faz a gente se amar, ser feliz, ter amizade...”
Este encontro expressa a importância da presença do ser humano na vida do outro ser humano e esta se dá no face-a-face, olhos nos olhos, palavra-silêncio, manifestações do que existe de mais sagrado dentro de cada pessoa.
A formação de vínculos no ambiente familiar, social, organizacional é atravessado por inúmeras situações que provocam em nós uma transformação, quando estamos abertos para a travessia de novos paradigmas, de novas idéias e de novas atitudes.
Cultivemos o olhar do coração e da mente para uma construção sustentável de vínculos na nossa rede de relações.
Fonte: Coluna  Eliane Azevedo - Projeto Linha Direta em Educação
           http://www.linhadireta.com.br/

sábado, 19 de março de 2011

A GRATUIDADE DOS TRÊS "E"

No encontro,   com  educadores do Colégio Marista Arquidiocesano/SP, sobre a temática “Espiritualidade e Educação”, comecei a construir uma reflexão sobre a conexão de três “E” na dinâmica do aprender a viver.

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OS TRÊS “E”

Educação -   proposta de valores
Espiritualidade -   busca do sentido    da  vida
Espaço de aprendizagem -  rede de relacionamentos



Três “E” sustentados pelo valor da confiança e pela ação dialógica que possibilita o desenvolvimento do ser humano em todas as dimensões da vida.
A constituição do eu da criança, na perspectiva winnicottiana, é atravessada pelo desenvolvimento da confiança e esta se dá na presença de alguém.  Sem esta presença, a criança vivencia uma angústia enorme. Que tipo de presença estou sendo para as crianças? Que tipo de presença estou sendo na vida das pessoas?
A educação como proposta de valores, ancorada em uma espiritualidade que busca compreender o sentido da vida acontece em um espaço de aprendizagem que abraça a pessoa como um “ser-de-relações”. Este é um desafio para a humanização das relações, para o “ser mais” humano e comprometimento com uma nova cidadania, que seja ética, espiritual e planetária.
Vamos aprendendo o ABC da vida, com simplicidade e gratuidade:
A - aprender, amar, ajudar
B – buscar
C – confiar, conectar, colaborar, construir
Vamos aprendendo, no cotidiano da vida, a romper modelos mentais e a construir novos paradigmas na rica dinâmica de um pensamento sistêmico, reconhecendo o valor da interdependência para o bem viver no presente e no futuro do nosso planeta.
Como eternos aprendizes e com muitas razões para viver, vamos aprendendo a esculpir uma bela obra de arte, na conexão dos três “E”. Um aprendizado muito simples e enriquecido pelos gestos de gratuidade, os quais são cultivados na vivência dos valores que são eternos em nós.
Vale a pena aprender, reaprender a arte da interdependência e o cultivo dos gestos mais elevados, na gratuidade do amar as crianças e todas as pessoas.
Vivemos em um mundo capitalista e somos desafiados a uma reflexão para além do capital, acolhendo a riqueza dos momentos gratuitos, os quais eternizam as nossas vidas. Não há dinheiro que possa pagar os frutos dos valores que celebram a grandeza do aprender a maravilhosa conexão do ABC da vida.
Uma educação reflexiva, transformadora e inovadora pressupõe uma nova leitura de meu próprio ser, agir e reagir!
Uma  experiência compartilhada alimenta o sentido da vida e qualifica a nossa presença na vida das crianças e de todas as pessoas.
Continuemos a reflexão:
Que tipo de presença estou sendo para as crianças?
Que tipo de presença estou sendo na vida das pessoas?

segunda-feira, 14 de março de 2011

A CRIANÇA E O SENTIDO DA VIDA

(cf. google imagem)

Esta noite, estive no Colégio Marista Arquidiocesano/SP, conversando com os educadores da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, sobre a temática “Espiritualidade e Educação”.  Foi uma experiência rica de encontro e reencontro com o SER – eu, o outro, o mundo, o grande Outro, o Transcendente.  Pude perceber nos olhares, expressões, falas dos participantes a importância de uma instituição que aprende, cultivando a “paisagem interior” de todos os seus membros.

Como é bom, encantador quando podemos reconhecer e nomear os significados de tudo o que acontece na nossa vida! Como é maravilhoso, quando encontramos as pessoas com abertura de coração e mente para o compartilhamento das experiências vividas! Como é prazeroso escutar e ser escutado, amar e ser amado, perdoar e ser perdoado, compreender e ser compreendido! Estas são experiências significativas que enfeitam a teia da nossa vida. Nós somos apenas um fio e juntos formamos uma bela obra de arte!

Na clínica psicológica e na assessoria que venho realizando na formação continuada dos educadores, tenho compreendido que a dimensão espiritual atravessa a nossa vida e é no cotidiano que vivenciamos a grandeza da nossa paisagem interior diante dos desafios que enfrentamos. Mas o que é espiritualidade? Para muitos autores, a espiritualidade é uma dimensão da vida humana, é uma busca de sentido para o próprio existir e agir, está unida à motivação profunda, enfim é uma busca de compreensão do sentido da vida e na vida.

A educação, segundo Gandhi, consiste em fazer aflorar o que há de mais nobre dentro das pessoas. Tenho estudado alguns teóricos e anotado algumas das experiências vividas ao longo dos meus "quase"  trinta anos, como educadora.  Pensei em denominar este processo de “educação relacional” - reflexiva, crítica, criativa, dialógica, interativa, transformadora e inovadora.
Acredito que o fio que atravessa e faz a conexão Espiritualidade e Educação chama-se AMOR! É o amor que transforma a nossa vida, abrindo espaço para uma visão e  uma aprendizagem compartilhada!
As pessoas espiritualizadas são as pessoas que possuem uma visão ampla da vida e são comprometidas com a vida de todos os seres vivos. São as pessoas do paradigma do “NÓS” e não do paradigma do “EU”.
Marcelino Champagnat expressa em poucas palavras a nossa responsabilidade como educadores  “... para bem educar as crianças é preciso amá-las..."
Os valores da educação marista acenam para uma aprendizagem colaborativa e de amorosidade: presença qualificada, simplicidade, espírito de família, amor ao trabalho – persistência e confiança. Estes  valores  revelam a importância do desenvolvimento de uma cultura do pertencimento e do comprometimento, neste mundo tão fragmentado em que vivemos.
Como educadora apaixonada pela temática – Espiritualidade e  Educação –  acredito que as experiências e  os significados compartilhados possuem uma força  avassaladora para o desenvolvimento humano das crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Vamos refletindo...
Quais as minhas experiências de encontro com as crianças e o sentido da vida?

Qual a minha obra de arte na teia da vida?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

DESPERTE A ÁGUIA QUE EXISTE EM VOCÊ


(cf. google imagem)
O contexto do mundo atual, segundo alguns estudiosos, é caracterizado pela velocidade, intangibilidade, consumo, tecnologia, mudanças, inovações e conectividade!  O consumo invade nossas vidas e começamos a fazer uma grande confusão entre espiritualidade e espiritualismo. Espiritualidade, na visão de vários autores, é a busca do sentido da vida e da transcendência.  O espiritualismo, pode ser reconhecido, como uma busca de práticas para reduzir o stress, o vazio existencial, as angústias, apresentando-se como algo mágico que irá trazer bem-estar. Algumas práticas, como ioga, tai chi chuan, orientação de búzios, viagens com roteiros espirituais, pedras, incensos, livros e outras expressões atravessam a  cultura da pós-modernidade.
No processo evolutivo da comunidade de vida, na perspectiva de uma ecologia profunda, somos desafiados a uma reflexão sobre a nossa essência e o cultivo da espiritualidade.
Pensando no  espaço educacional  como um espaço do ser e do vir-a-ser, podemos  fazer uma reflexão sobre a vida, despertando-nos para o compromisso com o nosso Criador e com a nossa missão de ajudar as pessoas na travessia da vida.
Nesta manhã, continuando a minha reflexão sobre  espiritualidade e educação,  escrevi um poema, o qual compartilho com vocês:
DESPERTE A ÁGUIA QUE HABITA EM VOCÊ

Nas travessias da vida
Olhe para o SOL
Voe como as águias
Conecte-se com a força do alto
Busque o sentido da Vida!
Teça a sua história
Construindo uma rede de relações
para o Bem Viver!

Seja determinado, persistente
Desenvolva uma  visão compartilhada
Confie
Ame
Mude
Contagie
Avance
Transforme!

Pergunte-se sempre:
Qual a minha obra de arte na  teia da vida?

Na postagem de 18 de fevereiro, escrevi ao final - exista para ajudar as pessoas a  se tornarem melhores, mais humanas, mais "águias". Senti motivada para  contemplar a imagem da águia e brotaram algumas idéias: As águias vêem oportunidades e aproveitam as oportunidades, atravessam tempestades e persistem no vôo em busca de seus objetivos, contagiam e atraem as outras águias, possuem atitudes positivas e estabelecem  relacionamentos transformadores  no espaço de suas vidas; possuem dentro de si a voz do infinito e procuram ser fiéis a esta voz; acreditam nas mudanças e em novos vôos; são capazes de sair dos espaços estreitos e abraçar os espaços largos; acolhem as mudanças vitais e permitem que as transformações aconteçam;  conhecem seus limites e  possibilidades; empreendem uma revolução no voar com força, visão e determinação.
Amigos! Vamos despertar a águia que habita em nós!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

UM PASSO A FRENTE... DEPENDE DE MIM E DE VOCÊ!

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Um passo a frente na inovação educacional  emerge da proposta de capacitação pessoal e profissional de todos os membros da instituição.
Escutamos, nos últimos anos, a grande virada com a formação dos gestores, mas  precisamos continuar avançando e priorizando a formação continuada de todos os  educadores, considerando a complexidade e as demandas da atualidade.

Acredito que precisamos aprender  a pedagogia da compaixão para  a leitura do mundo atual. Uma leitura com olhares e  gestos que promovam a qualidade de vida, no presente e para as futuras gerações.

A inovação provoca o "medo" e  as "resistências" das pessoas. É urgente uma "grande virada" mental, afetiva e comportamental para o desenvolvimento de seres humanos melhores, apaixonados pela vida e pela missão de  estender  a mão para novas parcerias, novos contatos, novos empreendimentos, novos relacionamentos... enfim perseguindo a meta de transformar as pessoas em águias, na contínua caminhada de transcendência das experiências-limite.

A teia da vida é tecida pela singularidade dos fios em conexão com outros fios, em diversas situações e momentos. O momento atual desafia-nos para o estabelecimento de vínculos  entre educadores, educandos, famílias, instituições, sociedade e redes  para a sustentabilidade da vida no planeta. Uma questão que possibilita  pensar em estratégias  éticas para  a convivência  humana no mundo em que vivemos.  

Depende de mim! Depende de você a grande virada na educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos. Abra as mãos! Estenda as mãos corajosamente e aprenda a arte de ousar! Fortaleça seus passos e com uma energia renovada dê mais um passo a frente. Nada irá deter seus passos, quando você aprender a arte de  servir às pessoas, na  fidelidade aos seus talentos e potenciais. Trabalhe com humildade.  Não espere reconhecimento e apenas exista para ajudar as pessoas se tornarem melhores, mais humanas, mais "águias".
Depende de mim e de você, uma educação relacional, criativa e transformadora.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

CONECTANDO OS FIOS NA TEIA DA VIDA


Um espaço de aprendizagem é um espaço do vir-a-ser, de romper velhos paradigmas e construir novas conexões para aprender, desaprender e reaprender no contínuo processo de desenvolvimento humano.
Nos meus primeiros anos de magistério, tive uma experiência afetiva em sala de aula, a qual marcou profundamente a minha vida de educadora. Era o mês de maio, uma sexta-feira, um dia de “escuridão” para uma tomada de decisão pessoal. Quando entrei na sala de aula, uma criança me olha nos olhos e fala “... você está tão bonita hoje... você está diferente dos outros dias”. Deixei cair uma lágrima e abracei esta amadurecida criança. Ela, na sua sensibilidade afetiva, soube me apontar a beleza escondida nas situações difíceis. A comunicação dialógica estabelecida encorajou-me para romper paradigmas e aprender a reconhecer algo novo e significativo nas travessias da vida.  Acredito que estes são os verdadeiros encontros aprendizes -  encontros de encantamento e reencantamento, os quais abrem novos espaços dentro de nós, para o bem viver de toda a comunidade humana.
Na semana seguinte, a mesma criança me faz uma pergunta “Faz um tempão que o nosso mural está com um fio de barbante pendurado. O que você vai fazer com ele?” De novo, deparei-me com uma pergunta desafiante. Ela falava com “alma” e provocava-me para ir além do fio material.  Mas, naquele momento, lembro que a minha resposta não a satisfez, pois falei de coisas concretas, superficiais demais. Comecei falando da aula de artes e que iríamos realizar uma atividade com fios de barbante. A criança estava me falando dos fios conectados nas relações afetivas e no espaço de aprendizagem. Uma grande educadora na minha vida!  Na memória afetiva, esta vivência foi registrada e vem despertando-me para o aprofundamento do estudo da rede de relações no espaço de aprendizagem – aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Nós, seres humanos, somos um dos fios na teia da vida. O paradigma da ecologia profunda expressa,  de maneira significativa, o valor intrínseco de todos os seres vivos e a interconectividade, priorizando o respeito à todas as formas de vida.
Continuo refletindo: O que fazer em cada situação - encontros aprendizes - com os "fios de barbante" e com os demais “fios”?

Maria Eliane Azevedo da Silva

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

COMPARTILHANDO SIGNIFICADOS E EXPERIÊNCIAS

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O VALOR DA SIMPLICIDADE NA EDUCAÇÃO.


O que é a simplicidade?

De tão simples, muitas vezes não sabemos responder. Complicamos na vivência e na busca de respostas.
Muitas vezes, imersos no corre-corre da vida educacional, com a velocidade ultrapassando os espaços e o tempo,  não percebemos uma neblina ofuscando os olhos da nossa mente e coração. Uma  avalanche de tecnologias, de  trânsitos, de projetos... e  vamos perdendo o foco da nossa visão e de nossos princípios na educação.
Pensando na construção do conhecimento  como um processo reflexivo e interativo, podemos avançar na redescoberta dos verdadeiros valores que sustentam as relações interpessoais. Um deles é a simplicidade inteligente,  possibilitando a fluência de uma comunicação saudável e integradora.
Dentro do ser humano “aprendizemerge uma grande mudança, quando este é capaz de perceber o essencial abrindo espaço para o encantamento na educação e para a visibilidade de ações positivas na relação aprendiz-aprendiz. Seus contatos florescem e traduzem a grandeza da missão de educar, como disse M.Gandhi “Educação é fazer aflorar o que há de mais nobre dentro das pessoas”.
Aprender é uma arte e precisamos cultivar a criatividade para pintar a tela da nossa passagem na vida dos outros aprendizes.
Mas, o que é a simplicidade?
Podemos pesquisar o significado da palavra, a sua etimologia, mas acredito que a resposta é simples demais, pois parece não existir  uma resposta para o que é simples. Simplesmente é.
Continuemos a tecelagem dos fios de uma aprendizagem colaborativa, tendo como ponto de partida - o essencial do SER que somos e do que viremos a SER. Seja simples, objetivo, determinado, resiliente e corajoso no desenrolar da arte de construir conhecimentos significativos! Seja você, na sua essência, compartilhando significados e experiências que contemplem uma visão realista e integradora da dinâmica de viver. Os frutos virão, mas primeiro os brotos vão surgir das sementes!
Os humildes compreenderão! É simples! Olhe as crianças, olhe o ciclo da natureza, olhe seus colegas educadores, olhe você, olhe a vida!