Um espaço de aprendizagem é um espaço do vir-a-ser, de romper velhos paradigmas e construir novas conexões para aprender, desaprender e reaprender no contínuo processo de desenvolvimento humano.
Nos meus primeiros anos de magistério, tive uma experiência afetiva em sala de aula, a qual marcou profundamente a minha vida de educadora. Era o mês de maio, uma sexta-feira, um dia de “escuridão” para uma tomada de decisão pessoal. Quando entrei na sala de aula, uma criança me olha nos olhos e fala “... você está tão bonita hoje... você está diferente dos outros dias”. Deixei cair uma lágrima e abracei esta amadurecida criança. Ela, na sua sensibilidade afetiva, soube me apontar a beleza escondida nas situações difíceis. A comunicação dialógica estabelecida encorajou-me para romper paradigmas e aprender a reconhecer algo novo e significativo nas travessias da vida. Acredito que estes são os verdadeiros encontros aprendizes - encontros de encantamento e reencantamento, os quais abrem novos espaços dentro de nós, para o bem viver de toda a comunidade humana.
Na semana seguinte, a mesma criança me faz uma pergunta “Faz um tempão que o nosso mural está com um fio de barbante pendurado. O que você vai fazer com ele?” De novo, deparei-me com uma pergunta desafiante. Ela falava com “alma” e provocava-me para ir além do fio material. Mas, naquele momento, lembro que a minha resposta não a satisfez, pois falei de coisas concretas, superficiais demais. Comecei falando da aula de artes e que iríamos realizar uma atividade com fios de barbante. A criança estava me falando dos fios conectados nas relações afetivas e no espaço de aprendizagem. Uma grande educadora na minha vida! Na memória afetiva, esta vivência foi registrada e vem despertando-me para o aprofundamento do estudo da rede de relações no espaço de aprendizagem – aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Nós, seres humanos, somos um dos fios na teia da vida. O paradigma da ecologia profunda expressa, de maneira significativa, o valor intrínseco de todos os seres vivos e a interconectividade, priorizando o respeito à todas as formas de vida.
Continuo refletindo: O que fazer em cada situação - encontros aprendizes - com os "fios de barbante" e com os demais “fios”?
Maria Eliane Azevedo da Silva
Maria Eliane Azevedo da Silva
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