domingo, 6 de fevereiro de 2011

A ostra e a comunicação dialógica na rede de relacionamentos

(cf. google imagem)
Uma ostra vivia em seu casulo. Até que um dia, uma ruptura cortou seu coração. Sua mente ficou confusa, não sabia mais o que fazer em situação tão estressante. O medo da nova etapa, do novo nascimento ofuscava seu olhar para as possibilidades de sucesso. Ainda não tinha  aprendido o significado da palavra transcendência. Mas, sozinha na sua trajetória, teve um insight “sou parte do universo em transformação e vou começar hoje uma nova travessia”. Sorriu para si mesma e um sentimento de encanto brotou nas profundezas de sua vida. Começou olhar para a ruptura com um novo olhar e para além da ruptura.  De repente, observou que ao seu redor estavam milhares de ostras, cada uma em sua singularidade e processo de desenvolvimento pessoal, social.  Um olhar de aproximação, uma linguagem afetiva tornou possível o estabelecimento de um diálogo entre as ostras. Todas falavam de suas experiências, escutavam as outras e escutavam a si mesmas. Um processo reflexivo e interativo emergiu na situação de encontro consigo e com as outras ostras, sendo estabelecida uma linguagem corporativa, a partir da experiência existencial de cada uma. A comunicação verbal e não-verbal foi sendo cultivada, despertando e acordando nas ostras a capacidade de saber ouvir e propiciar um espaço de abertura para uma comunicação dialógica. A ostra compreendeu que a comunicação e o relacionamento afetivo são como as pérolas que são cultivadas nas experiências de transcendência, traduzindo-se em potenciais para o sucesso pessoal e coletivo.
O filósofo da linguagem, Mikhail Bakhtin, reconheceu a linguagem como um processo de interação contínua, mediada pelo diálogo e expressa de maneira brilhante "A língua materna, seu vocabulário e sua estrutura gramatical, não conhecemos por meio de dicionários ou manuais de gramática, mas graças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicação efetiva com as pessoas que nos rodeiam".

Uma comunicação dialógica implica em uma rede de relacionamentos afetivos e éticos. Acredito que as parábolas, as fábulas, as metáforas estimulam a nossa criatividade e acionam no cérebro a possibilidade de encontrar os significados de acordo com as nossas experiências e conhecimentos armazenados ao longo da nossa vida.
Na nossa rede de relacionamentos, como estamos cultivando as pérolas?

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