Hoje pensei em cultivar um tempo
de silêncio e ler algo de filosofia. Olhei para a estante e deparei com um
livro de filosofia do Ensino Médio. Comecei a leitura e pensei Como será uma viagem em terras distantes e
desertas? Como os jovens vivenciam a
experiência de estar só no meio de tantas informações, atropelos e velocidade?
Fechei o livro e resolvi sair em
busca de uma estrada que conduzisse ao silêncio-deserto. Neste espaço recordei
que a filosofia é um conteúdo nos currículos escolares e que a educação para o
pensar precisa possibilitar uma reflexão sobre a busca humana pelo sentido do
viver no chamado tempo da “modernidade líquida”. Encontrei uma pessoa na estrada e
ela me disse “Estou só com o meu
pensamento”. E escutando-a pude escrever algo sobre a experiência de deserto
nas relações humanas.
cf.google imagem |
O ser humano quando mergulha no
mais profundo de si percebe que tudo na vida é passageiro e que em muitos
momentos é preciso cultivar a experiência de deserto.
No deserto experimenta-se o
vazio, o estar só, o sofrimento de andar, andar e não vislumbrar a água que
sustenta um novo encontrar-se e encontrar com as pessoas. No deserto
experimenta-se a condição humana da fragilidade e a luta para não aceitar a
realidade tal qual é. A terra do coração e da mente humana começa ficar sedenta
das águas que refrescam, suavizam e sustentam a novidade do caminhar com
esperança no mundo de incertezas. Caminha-se quilômetros e não se vê nada.
Caminha-se quilômetros e não se ouve nada... Todos os seres vivos estão
ausentes. Noites e dias caminha-se no calor da busca. Pronto! O ser humano entra no deserto e não
tem outra saída a não ser viver este tempo com o sonho de sair do deserto com
uma nova face, um novo pensar e sentir, um novo olhar para si, para a natureza
e para todas as pessoas.
Mas, o deserto se transforma no espaço-tempo
de encontro com a força interna para o redirecionamento da vida por meio de
escolhas do que vale a pena e do que importa viver. Zigmund Bauman definiu tudo o que é
passageiro, imediato, supérfluo no termo “modernidade
líquida” e o filósofo Gaston Bachelar escreveu “eu sou o limite de minhas ilusões perdidas”. Assim, nós somos o limite das nossas buscas
sem sentido e precisamos retomar o passo do sentido do viver humano com a
beleza de ser o que somos e aprender a superação do caminho do deserto, sempre
que ele for necessário para o nosso crescimento pessoal e social.
Educadores, nós somos chamados para
uma educação criativa e reflexiva no mundo atual e para ajudar as crianças, jovens
no aprendizado de que “tudo tem o seu
tempo e a sua hora”. A geração presente e futura precisa de uma educação reflexiva!!!
Cultive um momento de reflexão. Deixe fluir algo criativo em seu viver e agir.
Abraços, Eliane Azevedo.
Muito interessante para discutir com os professores e pais na educação das crianças e jovens. Vou utilizar o texto. Obrigada. Flávia
ResponderExcluirMuito grata pelo comentário. Este texto tem sido trabalhado em reunião com professores e sempre expandimos o aprendizado com a vida. Abs, Eliane
ResponderExcluirAdorei o seu texto, só me resta refletir, meditar, vivenciar e repassar. Realmente, só através de uma ed. reflexiva podemos dar a essa juventude os instrumentos de que necessitam para crescer. Acabo de ler também o seu texto,"Liderança Coorporativa", escrito no "Linha Direta". É um texto para reflexão diária para quem exerce algum cargo de liderança. Obrigada, Jê
ResponderExcluirJê. A sua apreciação é reflexiva e me faz pensar no texto "Liderança Corporativa" na dinâmica de um deserto povoado de pessoas, pois a experiência de deserto é a experiência profunda de refletir sobre o nosso próprio ser em relação com as outras pessoas. As crianças e jovens estão sedentos do encontro com pessoas reflexivas. Grande abraço, Eliane
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