(cf. google imagem) |
PEDAGOGIA DA PRESENÇA NA REDE DE RELAÇÕES
Eliane
Azevedo*
A sociedade atual
marcada pela velocidade, instantaneidade e fragmentação das relações
interpessoais desafia os educadores para uma pedagogia da presença na rede de
relações educacionais. De um lado o desejo de proximidade, de escuta atenta da
vida do outro ser humano e de outro lado a descartabilidade que gera o vazio
existencial. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, na obra “Amor líquido”
apresenta uma reflexão interessante para o cultivo da proximidade e a saída do
narcisismo que aprisiona a alma humana. Transcrevo a citação de Bauman “Aceitar
o preceito de amor ao próximo é o ato de origem da humanidade. [...] Amar o
próximo pode exigir um salto na fé. O resultado, porém, é o ato fundador da
humanidade”.
Um salto na fé exige
a coragem de VER – ESCUTAR – SENTIR o que está para além de si e abre
horizontes para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo. As crianças e adolescentes desejam uma
proximidade fecunda para não serem consumidos pelos meios de comunicação social
que muitas vezes cristalizam atitudes de fechamento ao encontro face a face.
Ouvindo uma
adolescente, nesta semana, pude reconhecer na adolescência atual o desejo
gritante para interagir com as pessoas de uma maneira próxima e dialogal. A sua
demanda central “Ninguém tem tempo para ouvir o que quero falar, meus amigos
não olham nos olhos e ficam apenas frente aos celulares, no facebook...”. A mídia favorece a criação
de uma rede de relacionamentos, mas o vazio existencial clama por uma
proximidade humana e uma pedagogia da presença na vida do outro.
O que vem a ser a
pedagogia da presença na rede de relações?
Uma maneira de
tornar-se presente na vida das pessoas como seres humanos e não como objetos,
cultivando a capacidade de escutar, ver, sentir a vida na sua essência e na
magnitude do desenvolvimento humano nas dimensões física, psíquica, cognitiva,
afetiva, espiritual e relacional.
Várias pesquisas
acadêmicas procuram estudar a rede de relações e a construção de significados
para um desenvolvimento saudável. Creio que a pedagogia da presença é uma
pedagogia de tornar-se presente-presença e nós educadores somos desafiados para
escutar, ver e sentir o sonho das outras pessoas. Assim, finalizo esta reflexão
com a poética de Rubem Alves:
"O
nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança:
tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores [e educadoras], antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deviam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."
tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores [e educadoras], antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deviam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."
Fonte: Revista Linha Direta: Inovação - Educação - Gestão. Janeiro, 2013, p.42.